A ansiedade é um sentimento de alerta com aquilo que está por vir. A diferença do saudável ou não está no limiar entre o normal e o patológico, e se faz necessário perceber até que ponto este sentimento de preocupação pode auxiliar em nossas atividades sociais e pessoais. O ponto é justamente esse: Até onde não afete a vida psicossocial do indivíduo. Esta ansiedade pode estar presente, por exemplo, como tipo de estratégias de ensino, como motivadora para realizar tarefas como motivação, entre outros (Costa et al, 2004).
Segundo Freemam e Freemam (2015) a ansiedade é parte do comportamento humano e ajuda na realização de algumas tarefas, como na pontualidade e na exatidão. Quando desproporcional ao fato real pode levar ao sofrimento psíquico, tornando-a assim, uma condição patológica, pois não há controle no sentimento de ansiedade. Os autores trazem um estudo realizado no Reino Unido, da Mental Health Foundation, apontou que quase um terço dos entrevistados afirmou que a ansiedade os impedia de praticar algumas atividades e causou mudanças em seus comportamentos.
Nesta perspectiva, quando a ansiedade se torna exagerada e prejudicial para a vida do indivíduo, ela pode ser considerada patológica. De acordo com Castillo et al (2000), a ansiedade é patológica quando os sintomas ansiosos são desagradáveis, colocando o sujeito em um estado constante de perigo. Há também um exagero desproporcional em relação ao estímulo, passando para um nível que rompe com o limiar da normalidade. Outro ponto de diferenciação é o período de tempo de duração da ansiedade normal e da patológica, pois, sendo de longa duração há possibilidade de se enquadrar como não sendo normal.
De acordo com a duração e intensidade dos sintomas, pode-se evidenciar um transtorno ansioso, classificável em tipos distintos. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – Quinta edição (DSM-5) (APA, 2014), os transtornos de ansiedade (TA) são caracterizados por sentimentos excessivos de medo e ansiedade com a presença de perturbações comportamentais, seguidos de pensamentos de perigo juntos a tensão muscular e vigilância por um eminente perigo, entre outras características.
É importante salientar que muitos dos transtornos ansiosos tendem a se desenvolver na infância e que podem se classificar em: Fobia Específica, Transtorno de Ansiedade Social, Transtorno de Pânico, Agorafobia, e o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2017), 9,3% da população brasileira sofre de algum transtorno de ansiedade, ou seja, cerca de 18 milhões de pessoas.
Na infância
O quadro psiquiátrico mais comum no público infanto-juvenil é o de transtorno ansioso, chegando a atingir 9% das crianças e adolescentes, o que aponta para alta prevalência do transtorno nesta população. De maneira específica, crianças têm o emocional mais influenciável, tendo dificuldades em diferenciar o normal do patológico, o que permite um grau de complexidade em estabelecer a compreensão entre o que está dentro de uma perspectiva saudável (THIENGO, CAVALCANTE & LOVISI, 2014).
O transtorno ansioso na infância tem uma forma específica, e se desenvolve ao longo das fases da vida. Asbahr (2004) discute que a ansiedade na infância possui relação com transtorno ansioso na vida adulta, aspecto que torna ainda mais importante o diagnóstico precoce, visto que o mesmo é fator preponderante para o cuidado com o futuro do sujeito. Os transtornos ansiosos mais comuns na infância são o transtorno de ansiedade de separação, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), e as fobias específicas.
Temos também que crianças com TAG demonstram:
*Grande preocupação irracional com o que pensam delas,
*Estão sempre tensas com o que possa acontecer,
*Precisam de confirmação constante para sentir segurança;
*Têm dificuldade em relaxar;
*E apresentam outros sintomas somáticos como: taquicardia, taquipnéia e sudorese. Os pais têm dificuldade em perceber o início dos sintomas na criança, e só procuram atendimento quando o caso se encontra em estado grave (ASBAHR, 2004).
Alguns sintomas são critérios de diagnóstico para o TAG no DSM-V (APA, 2014), entre eles está a presença de três (ou mais) destes seis sintomas por um período de seis meses em muitos dias, e em crianças a presença de apenas um sintoma é necessária. Desta forma, inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele, fatigabilidade, dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente, irritabilidade, tensão muscular, perturbação do sono (dificuldade em cochilar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto) são sinais de que um Transtorno de Ansiedade Generalizada pode estar presente.
É fundamental para a recuperação deste indivíduo que ele, algum familiar ou ente próximo tenha conhecimento acerca deste transtorno ansioso para tomar as iniciativas necessárias. A falta de informação da população sobre o TAG é apontada como um obstáculo ao tratamento, pois o indivíduo convive com o transtorno e não tem conhecimento, muitos chegam aos ambulatórios por problemas secundários ao transtorno, sintomas do TAG (CAVALER & GOBBI, 2013).
Por Psicóloga Genelva Souza